sexta-feira, 13 de maio de 2016

MULHERES DA BÍBLIA: AS FILHAS DE SALUM


MULHERES DA BÍBLIA: AS FILHAS DE SALUM

Este conto está baseado no livro de Neemias, especificamente no versículo 12, do 3º capítulo:

“Salum, filho de Haloés, governador da outra metade do distrito de Jerusalém, fez os reparos do trecho seguinte com a ajuda de suas filhas. ” Neemias 3:12

As Filhas de Salum


Salum estava rodeado com sua família à mesa após o jantar. Eles celebravam a possibilidade de ver os muros de Jerusalém reconstruídos:
— Hoje tenho para vocês a mesma história e uma nova história.
— Amamos ouvir suas histórias, papai. – Falou Itiyah impetuosa como sempre.
— Yaweh tem concedido muitos presentes a mim. – Continuou ele – Minha querida esposa, minha riqueza, meu bem precioso e meu suporte todos esses anos. – Ele segura sua mão, ela reclina levemente a cabeça – Após dois anos de casados sem um sinal sequer de gravidez Yaweh nos alegra com nossa primeira filha, Leora.
Leora abre seu melhor sorriso.
— Quando a olhamos pela primeira vez nossos olhos estavam iluminados e marejados de lágrimas, é verdade. Leora, querida filha, sua vida ilumina nossas vidas. – Virando-se para sua segunda filha Salum continua – E você querida Afra, surgiu em nossas vidas na mesma velocidade que uma corça foge de seu caçador. Em tudo se desenvolveu mais rápido que todos nós juntos.
— Ora, papai! Yaweh quem colocou asas em meus pés.
Eles riram.
— Com essa sabedoria você vai tão longe quanto ela te impulsionar, Afra. – Olhando para o lado oposto da mesa ele fala carinhosamente à sua terceira filha – Minha filha, Chaya, tão sossegada quanto minha vida poderia ser. Você nos lembra de como podemos atingir a perfeição um passo por vez.
E como sempre ao virar-se para sua última filha Salum sua voz embargava um pouco, mas o sorriso estampado no rosto expressava sua alegria autêntica.
— Itiyah, Yaweh sempre esteve contigo. Vossa querida mãe teve dificuldades desde a sua gestação, o parto foi traumático, felizmente Yaweh deu forças para ambas resistirem.
Após limpar os olhos Salum finaliza seu discurso:
— Yaweh tem me retribuído muito mais do que fiz a Ele. O grande Aba me concedeu uma capacidade para construções que tenho aperfeiçoado com cuidado e muito trabalho. Neemias, filho de Hacalias, juntamente com os príncipes de Judá designaram a mim como o responsável pela construção dos muros a oeste de Jerusalém. Cada homem sob meu comando reuniu seus filhos para cooperarem. Eles estão dispostos e eu tenho visto a mão poderosa de Yaweh a nosso favor.
— Mas, papai… – Itiyah interrompeu – Não podemos ajudar? Estamos sempre juntas em seu trabalho, com um pouco de determinação podemos levantar uma parte do muro.
Salum deu uma boa gargalhada, mas não por desconsiderar a proposta de sua filha, na verdade ele se sentia honrado de, na ausência de filhos homens, poder contar com a boa vontade de suas filhas.
— Quantas toneladas de pedra consegue carregar, querida Itiyah?
Leora interviu:
— Podemos contratar ajudantes, mas estamos no mesmo empenho dos demais filhos de Jerusalém!
Salum vira para suas outras filhas:
— E vocês duas estão de acordo?
Afra e Chaya concordaram com a cabeça.
No dia seguinte a movimentação em Jerusalém recomeça. Nada os abatia. Nem a falta de apoio dos príncipes de Tecoa rejeitando a liderança dos responsáveis pela construção Salum e Refaías, filho de Hur. Nem as constantes ameaças de Sambalate, Tobias e seu motim armado.
O dia era corrido, a mãe preparava as refeições e as quatro se organizavam de maneira a não sobrecarregar umas as outras e principalmente a seu pai.
Leora com sua praticidade tinha ideias, à primeira vista, mirabolantes, mas que adiantavam a dinâmica da obra.
Afra estabelecia um cronograma com o passo-a-passo dos ensinos de seu pai, organizando e distribuindo ordens aos empregados.
Chaya, perfeccionista como era, se esmerava em verificar o alinhamento do muro e em evitar desperdícios.
Itiyah, muito dinâmica, incentivava com vivacidade a todos, oferecia sempre um copo de refresco quando o sol estava a pino e também servia a todos como uma anfitriã na hora de comer.
À noite mesmo cansadas abriam seus corações na privacidade do quarto. Afra sempre iniciava a conversa com seus comentários filosóficos:
— “Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não pode conter o seu espírito. ”
— Uh! Provérbio do rei Salomão. – Leora se interessa.
E Afra continua:
— Não importa o quão grande seja o trabalho de manter o espírito contido, é melhor que ser humilhado com a devastação total da honra.
— Você está dizendo isso por causa do estado da cidade ou de nós mesmas? – Intervém Itiyah.
— Tudo. É um contexto só.
— Felizmente a nossa sorte está mudando. O templo foi restaurado. E nossa comunhão com Yaweh também.
Chaya a mais calada sussurrou:
— Eu tenho medo da guerra.
Itiyah afoita a encoraja:
— Chaya! Você não ouviu como oramos, junto com Neemias, para Yaweh nos livrar? Não viu a guarda de HOMENS que eles puseram?
— Eu só não quero que tenha guerra. Nosso pai teria de ir e dessa vez não poderíamos acompanhá-lo.
— Bom, em breve lhe daremos genros…
Elas abafaram uma gargalhada. Afra conclui o seu discurso:
— Há alguns inimigos que querem abalar, rachar e destruir a proteção de nosso relacionamento com Yaweh. Num combate entre: inimigos versus Yaweh, sabemos quem é mais forte.
— Vigilância! – Arrematou Leora.
Depois de um momento de silêncio, Itiyah fala com os olhos vidrados:
— Amanhã eu vou usar minha aljava e arco.
As garotas riram.
À medida que a construção da muralha continuava, a restauração no coração de cada uma delas também avançada. Ao expor seus temores, dúvidas, anseios diante daquele que tudo via e sabia, elas aprendiam que a vida estaria em construção contínua.

 Fonte: https://lisdaiane.wordpress.com/2014/10/28/mulheres-da-biblia-as-filhas-de-salum/

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