Claudio R. S. Pucci
O mais ferino e ácido dos jornalistas americanos, H. L. Mencken, disse que a completa masculinidade e a completa estupidez são, geralmente, indistinguíveis. Se você perguntar para as moçoilas por aí, elas vão dizer o mesmo. Porque nós machos, carregamos no nosso DNA certas atitudes que mulher nenhuma vai compreender totalmente e assim partimos para o campo para saber delas quais são aqueles atos tão normais para a gente que deixariam até uma Madre Tereza de cabeça-quente. E em nome da boa comunicação, explicamos porque fazemos isso.
1) - Total domínio do controle remoto: zapear freneticamente entre os canais (especialmente no caso de TV a cabo) e não deixar a moça chegar perto desta importante ferramenta tem somente um objetivo, evitar que tenhamos que assistir filmes açucarados com a Jennifer Aniston ou Sandra Bulock. E, de quebra, ver se há algum compacto de jogo de futebol na programação.
2) - Buzinar para a gostosinha na calçada: até Jerry Seinfeld já zombou desta tradição masculina se perguntando se alguma moça vai entrar no carro do cara só porque ele relou a mão na buzina. Acontece que estamos apenas consagrando a presença feminina em nossas ruas, nada relacionada com a calça apertada ou a camisa decotada que a beldade está usando.
3) - Não pedir informações quando está perdido: quem são nossos ídolos? James Bond, Indiana Jones, Rambo, entre outros. Você já viu eles pararem a cada 100 metros para perguntar onde é o covil do vilão ou onde está o templo sagrado de Koothrappali?
4) - Xingar o amigo quando o encontra: isso vem da tradição das sociedades secretas em manter uma saudação tradicional para que um membro reconheça o outro. O que as meninas não entendem é que quando, por exemplo, questionamos a masculinidade do amigo ao cumprimentá-lo com impropérios, estamos justamente louvando sua virilidade.
5) - Usar cantadas baratas: nenhum ser do sexo feminino consegue enxergar o lirismo e a poesia de frases como "você come rato? Porque, para mim, é uma gatinha" ou "seu pai é fazendeiro? Porque você é um chuchuzinho". Pense no grau de criatividade que a pessoa tem que ter para soltar uma dessas. É praticamente sheakespiriano.
6) - Não praticar atos de cavalheirismo: ué, vocês não queimaram sutiã, gritaram por direitos iguais, entraram para as forças armadas? Agora aguentem!
7) - Transformar uma gripe em uma tragédia grega: culpem nossas mães (representante máximo do público feminino) que nos mimavam e pajeavam ao menor sinal de coriza e comprovaram que quanto mais longo o gemido e mais acabada a nossa expressão facial, melhor o tratamento.
8) - Vestir-se de qualquer jeito no fim de semana: de segunda a sexta-feira somos obrigados a usar terno e gravata, mesmo que estejam 40 graus à sombra (enquanto para as moças a saia está liberada) e ainda parecer limpos e elegantes o tempo todo para impressionar o chefe, os clientes, os fornecedores e os funcionários. Obviamente que aos sábados e domingos, dias para relaxar, vamos querer usar aquela camiseta da eleição para governador de 1982 e um shorts que já foi azul.
9) - Não colocar a roupa suja para lavar ou deixar a toalha molhada em cima da cama: isso é algo que nós não compreendemos, porque quando morávamos com nossas mães, as roupas podiam ser largadas em qualquer lugar que apareciam lavadas e passadas no armário. E a toalha voltava para o banheiro sozinha.
10) - Sabemos rir de nós mesmos: tudo para nós é motivo de piada e brincadeiras, seja a derrota do time de coração, o vôo que atrasou, o fora que tomou e até mesmo os péssimos hábitos que ainda insistimos em manter. Isso não é bom?
Especial para Terra
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