XEQUE SAUDITA DEFENDE QUE CONDUZIR DANIFICA OS
OVÁRIOS DAS MULHERES
PÚBLICO
29/09/2013 - 16:58
(Atualizado às 17:41)
A Arábia Saudita é o único país do mundo que proíbe as mulheres de conduzir
Saleh bin Saad al-Lohaidan, um dos religiosos
conservadores mais importantes da Arábia Saudita, defendeu que a condução de
automóveis pode danificar os ovários das mulheres.
"Se uma mulher conduz um carro sem que seja
absolutamente necessário pode sofrer consequências psicológicas negativas, já
que existem estudos médicos fisiológicos que demonstram que a condução afecta
automaticamente os ovários e pressiona a pélvis para cima", afirmou o
xeque saudita. "Por isso achamos que aquelas que conduzem habitualmente
têm crianças com problemas clínicos de diferentes níveis", assegurou numa
entrevista dada à publicação digital Sabq.org.
Saleh bin Saad al-Lohaidan defendeu ainda que as
mulheres que desafiam a proibição de conduzir deviam privilegiar "a razão
em vez do coração, emoções e paixões". A Arábia Saudita é o único país do
mundo que proíbe as mulheres de conduzir. Apesar de não exisitir uma lei
específica, apenas os homens têm direito a obter carta de condução. A proibição baseia-se em fatwas (éditos)
emitidos por líderes religiosos wahhabitas, corrente rigidamente puritana muito
influente junto da monarquia saudita. As mulheres que forem identificadas a
conduzir podem ser multadas e detidas. Na Arábia Saudita, as mulheres precisam
de uma autorização por escrito do marido, pai, irmão ou mesmo do filho para
sair do país, trabalhar ou até submeter-se a operações cirúrgicas.
Saleh al Luhaidan é conselheiro jurídico numa
associação de psicólogos. Pode aconselhar o Governo e influenciar as políticias
conservadoras do regime.
Um grupo de activistas lançou recentemente uma
campanha para contestar a proibição de conduzir, pedindo às mulheres sauditas
para saírem à rua com os seus próprios carros no próximo dia 26 de Outubro. O
site que promove a acção está bloqueado no país desde hoje. A contestação contra a proibição é crescente e
muitas mulheres partilham nas redes sociais e no YouTube imagens
de si mesmas a conduzir. Manal al-Sharif, 32 anos, consultora de tecnologias de
informação, divulgou em 2011 um vídeo em
que conduzia e incentivava outras mulheres a aderir ao movimentoWomen2Drive. Acabou
presa. Foi obrigada a pôr por escrito que não voltaria a conduzir e foi
libertada dez dias depois de ter sito detida. Em Junho deste ano, Manal
al-Sharif foi uma das convidadas das conferências TED.
"Houve uma campanha de difamação organizada contra mim. Foi uma punição
por me ter atrevido a desafiar as regras da sociedade", contou.
"Tornei-me numa vilã no meu país e uma heroína no estrangeiro". Manal
al-Sharif, que entretanto se tornou uma activista por esta causa, diz que lhe
perguntam muitas vezes quando é que ela acha que as mulheres vão poder conduzir
na Arábia Saudita. "Só se as mulheres pararem de perguntar 'quando'?"
Nem Acredito!
Notícia corrigida às 17h41 de 29 de Setembro: O xeque
citado é Sheikh Saleh bin Saad al-Lohaidan e não Saleh bin
Mohammed al-Lohaidan, como inicialmente havia sido avançado pela agência Reuters.
Mohammed al-Lohaidan, como inicialmente havia sido avançado pela agência Reuters.
Estou colocando a fonte, para depois não dizer que minha cabeça é fértil, como já dizerem....