Sem qualquer aviso alguém é
acometido por um ataque de pânico que podem envolver os seguintes sintomas:
dificuldade respiratória, taquicardia, suor nas mãos, náusea ou desconforto
abdominal, boca seca, dificuldade de engolir, sensação de desmaio, de que vai
enlouquecer, de que vai morrer e de que está perdendo o controle da situação.
Tais sintomas são relatos de pessoas que desenvolveram, a partir deste primeiro
ataque do pânico, a Síndrome do Pânico.
Depois deste pode-se passar a ter um pavor de que novamente o mesmo ocorra. Sendo assim, há forte tendência a evitar o ambiente em que a crise ocorreu, ou evitar fazer o que estava fazendo no momento do fato ocorrido. São as chamadas EVITAÇÕES. Caso tenha ocorrido dirigindo pode-se passar a evitar dirigir novamente. Se foi em um ambiente com várias pessoas, como exemplo, em um ônibus ou metrô ou em um evento social, pode então passar a evitar estar diante de várias pessoas novamente. Li em um livro que noventa por cento dos nossos medos nunca acontecerão.
QUEM ESTÁ SUJEITO?
Geralmente pessoas no final da adolescência e princípio da vida adulta estão muito mais suscetíveis a serem atingidas. Justamente no período altamente produtivo da vida. Neste momento tais pessoas estão envolvidas com muitas atividades, podendo experimentar um forte estresse. O acúmulo de sentimentos, e pensamentos relacionados às questões existenciais não resolvidos, ou acumulados, pode desencadear um estresse que facilita também a Síndrome do pânico. Vale lembrar Prov. 13:12 “ A esperança que se adia faz adoecer o coração; mas o desejo cumprido é árvore de vida”.
QUAIS AS CAUSAS?
Vivemos hoje uma sociedade onde somos cobrados para dar as respostas mais satisfatórias às expectativas dos modelos estabelecidos pelos outros como verdades absolutas. Tais cobranças estão relacionadas às funções que exercemos na sociedade. Por exemplo, há grande cobrança para atingir as metas estabelecidas para o sucesso. Mas quem disse e definiu o que é sucesso? O homem casado dever ser ótimo provedor para sua família, ser um exemplo de honestidade e caráter; se é um líder religioso, deve ser bom nas pregações e um exemplo de cristão.
Seguindo este modelo estaremos ganhando o mundo inteiro e perdendo a nossa
alma. O sucesso conforme o mundo é obter dinheiro e status social. Em Rom. 12:2
encontramos a orientação da Palavra “Não vos moldeis a este mundo...”, ou seja,
não tenhamos o molde do que vem de fora. Em que isso pode ser útil? Pode porque
quando questionamos e decidimos a não seguir tais modelos as cobranças internas
tendem a diminuir. Síndrome do Pânico é o medo dos sintomas internos e não do
que necessariamente vem de fora. Não é uma postura puritana, mas um foco em
quem realmente é o modelo a ser seguido. O mundo é muito voltado para as
conquistas materiais, ou seja, aquelas que se limitam ao tempo e ao espaço e
que facilmente podem ser destruídas pela traça e pela ferrugem. Questionar tais
modelos ajuda a diminuir as expectativas.
Antes de encerrar, veja este caso que atendi. Fui procurado por uma jovem evangélica em meu consultório por estar com a Síndrome do Pânico. Ela sentia os sintomas descritos acima. Já havia saído do emprego e estava se afastando do estágio que fazia em uma emergência hospitalar. Depois de algumas poucas consultas eu lhe perguntei há quanto tempo ela estava com tais sintomas.
E me respondeu que havia três meses aproximadamente.
Então fiz outra pergunta: Aconteceu alguma coisa marcante em sua vida antes de
começar os ataques do pânico? Respondeu que sim. Ela relata que em sua igreja
exercia uma função de secretária em uma organização. Ela anotou uma falta para
uma pessoa deste grupo, pois havia tido três atrasos. A pessoa não gostou e
reivindicou a retirada de sua falta. Ela manteve a anotação. Penso que a pessoa
ficou com raiva dela, mesmo sendo cristão. Poucos dias depois ela viu a mesma
conversando com sua mãe em particular. Isso lhe causou curiosidade e perguntou
o que ela queria. Sua mãe tentou desconversar, mas ela insistiu e ouviu que ela
teve uma “visão” de uma nuvem de enfermidade descendo sobre sua filha e que
estava lhe avisando para cuidar e se prevenir.
Tenho dito que por quem se tem uma mágoa não resolvida a pessoa pode ter uma tendência a uma vingança, mesmo que seja na sutileza ou inconscientemente. Poucos dias depois a menina começa a ter os ataques do pânico. Ela compreendeu a relação entre os fatos. Perguntei então o que sentia por tal pessoa e respondeu que era RAIVA. Ela CONHECEU e ADMITIU o sentimento. Faltava então o EXPRESSAR. Fiz com ela um exercício terapêutico de liberação da raiva e ela cooperou ativamente. Na consulta seguinte os ataques acabaram e havia apenas alguns sentimentos que não evoluíam mais para um ataque do pânico. Por não terem se extinguido totalmente procurei saber se havia ainda alguma mágoa com mais alguém. Ela disse que ainda e com uma pessoa de sua família. Procedi com a mesma técnica de liberação de raiva e mágoas e na semana seguinte ela estava completamente livre dos sintomas.
Eu encerro dizendo que procure, já que pode estar se sentindo sozinho, a fazer a oração que Jesus ensinou em Mateus 6:5-13, a qual eu tenho chamado de A ORAÇÃO DO QUARTO. Isto significa que você pode ter a liberdade diante de Deus de expressar tudo o que sente e pensa, ou seja, transforme tudo em uma oração.
Deus te abençoe.
Fonte: SAÚDE EMOCIONAL E VIDA CRISTÃ
Psicólogo: Paulo Cesar Pereira