Hilary White
LONDRES, Inglaterra, 3 de agosto de 2010 (Notícias Pró-Família) — O Banco de Dados de Pesquisas de Medicina Geral, um órgão do Ministério da Saúde da Inglaterra, anunciou estatísticas que mostram que mais de mil meninas pré-adolescentes da Inglaterra receberam prescrições médicas de contraceptivos hormonais no ano passado. O problema provocou questões sobre a eficácia de leis de idade de consentimento num país em que meninas de 11 anos podem legalmente receber anticoncepcionais sem o conhecimento ou consentimento dos pais e recebem nas escolas instruções de como obtê-los.
As estatísticas mostram que em 2009 dispositivos contraceptivos de longo prazo implantados ou injetados tais como o Norplant foram dados para outras 200 meninas com as idades de 11 a 13 anos, à custa do Serviço Nacional de Saúde.
No mês passado um estudo feito por Ofsted, a agência que inspeciona as escolas, alertou que os pais são “raramente” consultados sobre as lições de seus filhos envolvendo educação sexual.
John Smeaton, o diretor da principal organização pró-vida da Inglaterra, disse para LifeSiteNews.com: “Esse é o resultado em grande parte de políticas governamentais que estão vigorosamente criando iniciativas para atrair as jovens e fazê-las embarcar na contracepção hormonal”.
Dr. Trevor Stammers, clínico geral e presidente da Fraternidade Médica Cristã, expressou opiniões semelhantes, dizendo: “Essas estatísticas ilustram o fato de que a Inglaterra está facilitando a secularização dos jovens numa idade cada vez mais nova”.
“Se a educação sexual for introduzida em escolas primárias do jeito que está sendo proposto, veremos um número muito maior de meninas de onze anos buscando contracepção e se pagamos os clínicos gerais para distribuírem contracepção sem indicarem os riscos… estamos piorando o problema”.
Mas Smeaton, diretor da Sociedade para a Proteção das Crianças em Gestação (SPCG), diz que coloca a culpa honestamente nos bispos católicos da Inglaterra e Gales, os quais têm apoiado fortemente os programas de educação sexual do governo. Smeaton disse para LSN numa entrevista que em sua opinião as políticas de concessão dos bispos têm dado ao governo o selo necessário de aprovação moral para avançar a cultura contraceptiva.
“Portanto, o maior grupo pronto de opinião dissidente dentro da Inglaterra e Gales, [a Igreja Católica] foi totalmente subvertida pelos guardiões oficiais desse grupo de opinião, a Conferência dos Bispos da Inglaterra e Gales. A maior autoridade moral da terra está sendo minada por eles. Por isso, não estou nada surpreso com essas estatísticas”.
Perguntado se na Inglaterra cada vez mais anticatólica faz uma grande diferença política se os bispos católicos apoiam ou se opõem às políticas governamentais, Smeaton disse: “Faria uma diferença imensa. Não há absolutamente nenhuma dúvida de que se os bispos católicos fossem adotar uma posição inequívoca sobre as questões da vida, faria uma diferença imensa”.
Ele citou o caso do Cardeal Keith O’ Brien que se manifestou de forma trovejante contra o Projeto de Lei de Fertilização Humana e Embriologia, dizendo que não há dúvida de que a intervenção de O’ Brien paralisou o andamento do projeto.
O’ Brien, disse Smeaton, “abre a boca para falar de questões de vida, em termos claros e retumbantes. Sobre o impacto das políticas governamentais, sobre a iniquidade de propostas para ampliar a lei de aborto. Toda vez que se manifesta, O’Brien vira manchete em todo o país. Tudo o que ele diz é comentado em todos os meios de comunicação”.
Os políticos britânicos, disse ele, têm “uma consciência instintiva” de que uma vez mobilizado e unido sob forte liderança moral, o voto católico faria uma diferença na política britânica. “E há algo escrito nos corações humanos que atrai as pessoas à verdade”, acrescentou ele.
Até mesmo com a atual liderança da Igreja e do governo, Smeaton continuou, os líderes pró-vida têm tido êxito em impedir que a lei de aborto se estenda para a Irlanda do Norte. “A voz pró-vida tem sido ouvida, mas estamos sendo completamente minados pela política oficial dos bispos da Inglaterra e Gales. Principalmente no caso de dar anticoncepcionais hormonais para jovens sem consentimento dos pais”.
Em abril, o Serviço de Educação Católica, um órgão da Conferência dos Bispos Católicos da Inglaterra e Gales, nomeou Greg Pope, ex-parlamentar do Partido Trabalhista, como diretor adjunto. O longo histórico parlamentar pró-contracepção e anti-família inclui múltiplos apoios a agências abortistas internacionais tais como a Federação Internacional de Planejamento Familiar e Marie Stopes. Mas o que é importante é que em 2007, Pope votou contra um projeto de lei que teria exigido consentimento dos pais para o fornecimento de contracepção ou aborto para crianças com menos de 16 anos.
Smeaton disse que a posição de Pope era bem conhecida e “reflete a política dos bispos da Inglaterra e Gales”.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesite.net/ldn/viewonsite.html?articleid=10080303